Desvende 9 mitos sobre quem vive com o vírus HIV
8 min readEntenda mais sobre essa infecção e deixe de lado preconceitos com quem é soropositivo
Fonte | minhavida
Quando os primeiros casos da Aids surgiram, no início dos anos 1980, ninguém sabia exatamente do que se tratava. Como a maioria das vítimas era de homens homossexuais, a “doença misteriosa” rapidamente ficou conhecida como a “peste gay”. Depois, quando perceberam que não eram só gays que adoeciam, passaram a colocar a culpa também nos haitianos, hemofílicos e usuários de drogas. Mas não demorou muito para que as pessoas percebessem, enfim, que o local de origem ou a orientação sexual não eram “pré-requisitos” para contrair o vírus. Hoje, 35 anos após o começo da epidemia, sabe-se que o HIV pode atingir a todos e todas, sem distinção de gênero, classe, raça, origem ou orientação sexual.
O termo “aidético” já caiu em desuso há algum tempo. No entanto, ele ainda é muito usado de forma pejorativa. Além disso, ele também dá a entender que HIV e Aids são a mesma coisa, e não são. HIV é o vírus e Aids, a doença. Só tem Aids as pessoas soropositivas que desenvolvem os sintomas da doença, que incluem deficiências imunológicas, já que o vírus começa a destruir as células de defesa, deixando o corpo vulnerável a todo tipo de doença. Quem tem HIV – o chamado soropositivo ou HIV-positivo – não necessariamente desenvolverá Aids, desde que siga corretamente o tratamento. Hoje, ele é feito com medicamentos antirretrovirais, que inibem a ação do HIV no organismo e impedem que ele ataque o sistema imunológico. Esse estágio da infecção, que costuma demorar de dois a dez anos após a exposição ao HIV sem tratamento, é conhecido como Aids, ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.
Transei com um soropositivo, então com certeza estou infectado
Isso também não é verdade. Poucos sabem, mas é muito mais difícil ser infectado pelo HIV com um soropositivo do que com uma pessoa que desconhece sua sorologia. Isso porque, graças ao tratamento, a carga viral de muitas pessoas que vivem com o vírus está indetectável, ou seja, com menos de 40 cópias de vírus por mililitro de sangue. Isso é insuficiente para que não haja a transmissão. Para se ter uma ideia, se um soropositivo com carga viral indetectável há pelo menos um ano fizer o teste de HIV, o resultado tem muitas chances de ser negativo.
Soropositivos tendem a ficar mais vezes afastados do trabalho
Quando recebe o diagnóstico de HIV, muitas vezes a pessoa já sai do consultório médico com os antirretrovirais em mãos. Seguindo o tratamento corretamente, o vírus não se manifesta no organismo, a carga viral permanece baixa, o número de CD4 no sangue – que são as células de defesa preferidas como “alvo” do HIV – fica alto e a pessoa jamais manifestará quaisquer sintomas relacionados à Aids.
Soropositivos não podem ter filhos
Quando a infecção acontece de mãe para filho, é o que os médicos chamam de ?transmissão vertical?. Ela pode ocorrer de três maneiras distintas: durante a gestação, na hora do parto ou, ainda, na amamentação. Sem tratamento, mulheres com HIV têm de 15 a 45% de chance de transmitir o vírus para a criança. Com o auxílio dos medicamentos antirretrovirais, porém, esse risco pode ser reduzido a apenas 1%.
HIV se transmite também pelo beijo ou suor
Mito antigo, porém que ainda resiste no imaginário popular. O HIV é transmitido por meio da troca de fluidos corporais, porém saliva e suor não são uns deles. Apenas sangue, sêmen, secreções genitais e leite maternopossuem concentração de vírus suficiente para infectar outra pessoa. Portanto, nunca é demais lembrar que as únicas formas de transmissão do HIV são: relações sexuais desprotegidas – anal, oral ou vaginal -, transfusão de sangue, compartilhamento de seringas ou de mãe para filho (transmissão vertical). Não se pode contrair HIV por nenhum outro meio que não sejam esses
Soropositivos eventualmente morrerão de Aids
Graças aos avanços no tratamento, hoje quem tem o HIV pode morrer de velhice. Antigamente, quando não havia medicamentos eficientes para barrar a ação do vírus, o soropositivo eventualmente desenvolvia a Aids e padecia em decorrência das infecções oportunistas, principalmente pneumonia, tuberculose e sarcoma de Kaposi – um tipo muito raro de câncer de pele. Hoje, no entanto, os medicamentos antirretrovirais disponíveis impedem que o HIV se multiplique e espalhe pela corrente sanguínea, freando a replicação do RNA viral. Com isso, o vírus permanece adormecido dentro do organismo e, caso o tratamento seja seguido à risca, pode nunca se manifestar.
Somente homossexuais e profissionais do sexo contraem HIV
Apesar de no começo da epidemia a maioria das vítimas da Aids terem sido homens homossexuais, foi-se o tempo em que a doença era chamada de “peste gay”. No entanto, muitas pessoas ainda relacionam a síndrome com a falsa ideia de que somente rapazes gays possam se infectar com o HIV. Isso não é verdade. Hoje, sabe-se que qualquer pessoa, seja ela homem ou mulher, hetero ou homossexual, está sujeita a contrair o vírus. Caiu a noção de “grupo de risco” e adotou-se o chamado “comportamento de risco”, que é manter relações sexuais desprotegidas e compartilhar seringas sem esterilização, por exemplo.
É melhor ter HIV para poder transar sem camisinha sempre
Hoje em dia não se vê mais pessoas morrendo de Aids. Graças ao tratamento, quem é soropositivo pode ter uma vida boa e saudável, sem nunca manifestar um único sintoma. Essa nova realidade trouxe alívio para milhões de pessoas ao redor do mundo que hoje vivem com o vírus. Ao mesmo tempo, porém, os avanços da medicina parece ter alimentado a crença de que, já que é possível tratar e viver bem com HIV, a melhor solução é infectar-se de uma vez para poder fazer sexo sem camisinha sem preocupações. Isso, no entanto, é uma grande mentira.
Soropositivos são culpados por terem contraído o vírus
Não podemos generalizar o contexto que levou uma pessoa a contrair o vírus HIV, pois existem diversas formas de infecção e mais diversas ainda situações que podem levar ao contágio. Contudo, se culpar por algo que já aconteceu não resolve o problema. Pelo contrário, dificulta o acesso ao tratamento e afeta a qualidade de vida. O importante após o diagnóstico é entender que a partir deste momento o paciente terá a responsabilidade em seguir o tratamento para manter sua saúde em dia.